Alberto Moreira Ferreira

Poemas do Mosto e da Chuva, Textos de Alberto Moreira Ferreira
Este mundo não é diferente dos outros, só não leva o corpo à frente da cabeça, pelo contrário, e quando visita um mundo visita um mundo, e quando fala outra língua e diz vedere diz vedere, e quando está ausente está ausente, e mergulha de cabeça, mas essa unidade importada sem moleira do subcontinente americano para o sul da Europa, esse coração virado para o ar não é para mundos que se prezam. Nenhum delírio de louro faz pão, nem uma antera de sabugueiro floresce a primavera, este mundo não pede chá de erva, não chama o balir das gramíneas do paraíso. Filhos do eu calaceiro pelo carvalho mogno e nogueira arder, talvez seja possível a abelha lampejar um coração, mas sem mergulhar de cabeça...