Alberto Moreira Ferreira

Poemas do Mosto e da Chuva, Textos de Alberto Moreira Ferreira
O sol arde vertical todo a rigor
Todo extremoso todo sentado 
O poema enlouquece
Apurado com impetuosidade 
Todo exaurido todo delicado 
Eu uso a boca para fazer uma ponte
E sangro da cabeça aos dedos da mão 
No alto dos ciprestes os silêncios falam baixinho 
Os punhais de remate são noites cruéis, rios frios como nós cegos
Eu penso na morte mais que na loucura
Pauso amiúde e entro na vida pelo lado do lado
Está tudo seco tudo gelado 
E volto à mesa destilado
Quero perdoar como se fosse morrer, eu vou morrer 
Os peixes as laranjas profundas as bilhas de gás menstruadas as aranhas da bacia de inflamáveis 
Eu vou morrer, não importa 
Eu vou morrer
As cadeiras estão todas no fogo
Que vais fazer esta tarde!
O fogo toca abraça 
Beija-me
Leite
Vinho
Leite
Vinho