Cortas o fio e dás-lhe asas, o poema decompõe no estômago e nas vísceras é transformado em húmus, depois de excretado volta a nascer
Ser ou não ser - quantas vezes penso: come-me todo, leva-me desta cidade de palha seca de alhos com que se trançam as réstias
As cidades são espaços masturbatórios moralistas industriais praticantes de morais imorais
Não há puro pão para prolongar um pulso depois do entardecer e ainda que o vinho se mantenha de pé arre que se faz noite
Vejo olhos perdidos sem bóias nem barcos
De que serve chamar se os dedais não se arrancam aos dedos pelo retorno material e há horas sem mãos para tudo
Vale-me não ter de arranjar desculpas para estar leve pesado
Eu não preciso esquecer, o poema tem um livro e entre ser ou não ser chega-me coragem
Não dou guarida ao manto nem à erva e mergulho profundamente no pulso refletindo pensando
Olha
O ser nasce depois