Alberto Moreira Ferreira

Poemas do Mosto e da Chuva, Textos de Alberto Moreira Ferreira
Pai, o meu tabaco não está nada bom
Atiro o peso ao ar ou rio louco
E penso que há cidades de camélias
Longínquas 
onde trocaram as vísceras por harpas 
E a harmonia ad libitum perpetua-me a vontade de ficar
Até ao último momento a contar-me uma boa
Como as bicicletas de açúcar nas luas de Júpiter pai 
Pai eu quero ir embora 
Carrego a incompreensão dos partos vaginais 
O padecimento do tecido morto 
E a raiva das pedras mortas
Das facas sempre à espreita 
Mas pai, onde é que fica essa cidade
Ouvi dizer que há mel no coração das gotas
E eu quero tanto atirar tudo ao ar pai
Vou tomar café 
Não há café pai