Alberto Moreira Ferreira

Poemas do Mosto e da Chuva, Textos de Alberto Moreira Ferreira
O pássaro jaz vivo pelo desprezo dos mortos
A morrer pela sua mão, corajoso medrado
Pensando na morte alheia à transcendência 
Da natureza, à sensibilidade da natureza, 
Numa bolha entre todas as outras subindo
Consciente da noite
Do esquecimento 
Inconsciente do dia
Do esquecimento 
E vai subindo até ao nível em que o salto
O levará, não pode esperar, depois de nós 
Mortos alheios mais nada há para esperar
Além do tempo depois do tempo
Em que os pássaros jazem vivos 
Pelo desprezo dos mortos